domingo, 30 de janeiro de 2011

ARQUEOLOGIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO CENTRO DO RIO DE JANEIRO ESTA SEMANA

 

Arqueologia sob seus pés

Programa de Arqueologia e Educação Patrimonial em obra de área urbana da Cidade do Rio de Janeiro

Atendendo a legislação da prefeitura do Rio de Janeiro e do Iphan a empresa Algar Telecom em parceria com o  Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB)  realiza na primeira semana do mês de fevereiro  pesquisa arqueológica e  projeto de educação patrimonial. As ações visam monitorar as obras de construção de galeria subterrânea de fibra ótica na Avenida Primeiro de Março (antiga rua Direita) e divulgar a importancia do patrimonio arqueologico que se encontra no subsolo do centro do Rio de Janeiro.

Segundo a legislação deste municipio, toda e qualquer interferência no solo desta área ( centro historico da cidade) deve ser acompanhada por pesquisadores em arqueologia com a finalidade de resgatar possiveis artefatos que esclareçam e complementem a história da cidade.

Esta ação reflete a responsabilidade com a cultura de uma das mais importantes cidades brasileiras e pode revelar aspectos relevantes de sua história.

A pesquisa arqueologica

A abertura de solo na rua Primeiro de Março  para  colocação de fibras oticas no edificio da Casa Granado, realizada pela Algar Telecom, serão companhadas pelos arqueologos do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) que farão o monitoramento das obras.

A educação Patrimonial

Visando informar a população sobre esta e outras açoes de importancia que já foram realizadas com este mesmo fim – preservar artefatos e memorias – serão distribuidos 30 mil  folders a população circulante na area do centro contendo  informações sobre os sítios arqueológicos da região do Centro da cidade.

No sabado 29 , foram ralizadas palestras e oficina de arqueologia para os funcionários da empresa diretamente envolvidos no trabalho.

O local

O centro da cidade do Rio de Janeiro é na verdade um imenso sítio arqueológico, pois foi aqui que a cidade começou em 1567 no Morro do Castelo, onde é hoje a garagem Menezes Cortes na Rua São Jose.

Os vestigios arqueologicos sugerem que a cidade provavelmente tenha começado numa praia onde ficava o antigo porto de canoas  dos indígenas que moravam numa aldeia aqui mesmo onde é hoje a Praça XV de Novembro. Quando aqui chegaram os portugueses ergueram ali uma pequenina capela dedicada a nossa Senhora do Ó e lhe deram o nome de “praia de Nossa Senhora do Ó”  depois de  “Terreiro de Nossa Senhora do Ó”, depois de “Terreiro do Paço” e por último Praça XV. As pesquisas arqueológicas já revelaram diversos sitios e achados no entorno da area.

Na imediações da Praça XV

1. O Carceller

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Gôndolas em frente ao Carceller, verdadeiro "point" do século XIX

Em 1834, chegava ao Rio de Janeiro  o primeiro carregamento de gêlo, vindo dos EUA. Envolvido por serragem, e enterrado profundamente ficou conservado por cinco meses. Luigi Bassini, italiano radicado aqui, usou este gelo para fabricar  os primeiros sorvetes do Brasil, causando sensação e tornando notório o trecho da rua Direita (Primeiro de Março) onde ficava sua casa, entre a Ouvidor e o Beco dos Barbeiros.

Anos depois, mudava-se para o o mesmo local o francês Carceller, cujo restaurante seria um dos pontos de referência no centro da cidade por muitas décadas. Fosse para tomar o café da manhã, como faziam os funcionários públicos, ou se refestelar em lautos almoços ou jantares — com direito a vinho e sorvete — o Carceller era visita obrigatória, mesmo que de vez em quando.

Sua fama gerou até um apelido para aquele trecho - o “Boulevard Carceller” -  e com sua  freguesia certa levou as autoridades a instalarem em frente a este um ponto de gôndolas, espécie de van de tração animal para atender ao publico. Com alguns imóveis ainda conservados neste local, o pitoresco Carceller é a lembrança de uma época em que coisas simples, como o gelo, eram motivo de espanto e podiam até mudar os hábitos e costumes de várias gerações.

Fonte site jornal do Brasil / Rio Antigo

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2. O Paço Imperial

Foi o palácio de moradia e administração dos vice- reis do Brasil, e palco de importantes acontecimentos de nossa História. De 1743 a 1763 ainda como  colônia de Portugal, foi também a sede do governo no Brasil.

Com a transferência da Familia Real para o Brasil em  1808  passou a abriga –la  recebendo então o nome de Paço Real.

Depois da Proclamação da Independência (1822), e até a Proclamação da República (1889), passou a ser chamado de Paço Imperial.

Após a Proclamação da República, o prédio foi sede do Departamento de Correios e Telégrafos.

Em 1938, foi tombado pelo SPHAN, atual IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e, em 1985, depois de restaurado, tornou-se o Centro Cultural do IPHAN, Ministério da Cultura.

3. O Cemitério do Carmo – ficava entre a Rua Primeiro de Março e o Arco do Telles, os documentos dizem terem sido enterradas aqui, as vítimas de diversas epidemias que assolaram a cidade no período colonial.

4. O Chafariz da Praça XV - foi primeiro ponto de abastecimento de água potável para os viajantes, navios e moradores da cidade. As estruturas do porto a que se associava, ainda estão preservadas no local, não deixe de olhar.

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5. A Igreja de N. S do Carmo – Na esquina da Rua da Assembléia, foi a Antiga Sé da Cidade e também a capela da família Real em 1808. Nela se casou Dom Pedro I, Foi batizado Dom Pedro II e estão os restos mortais de Pedro Álvares Cabral. Em 2007 e 2008, as pesquisas arqueológicas encontraram as evidências de uma “Capela Vermelha”, provavelmente a ermida de “ N. S. do Ó” do Sec. XVI. Esta e outras coisas estão expostas dentro da igreja. Faça uma visita!

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6. Rua 1º de Março. Antiga Rua Direita foi a mais importante via do período colonial, ligando a Praça XV à área do morro de São Bento, na época, o mais imponente mosteiro desta ordem religiosa. Em frente a Casa Granado está sendo feita esta  pesquisa de arqueologia.

Conhecida inicialmente como Caminho de Manuel de Brito, nome do sesmeiro do lugar, era uma via curva acompanhando o litoral por uma estreita faixa de terra, terminando no Morro de Manuel de Brito. Na retaguarda do velho caminho, um enorme terreno alagado, ainda por drenar nas décadas seguintes. Em 1589, chegam ao Rio os primeiros frades beneditinos, Pedro Ferraz e João Porcalho, para fundar uma casa para sua Ordem. Recebem os religiosos uma doação de terras do mesmo Manoel de Brito, incluindo o morro que logo seria chamado de São Bento. Na outra extremidade da rua estava uma pequena ermida dedicada a N. Sª do Ó, que, a partir de 1590, se transformaria no Convento do Carmo, o maior prédio a dominar a nascente Praça XV.

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Rua 1° de Marco (antiga rua direita)

7.Subsolo do Prédio do TRE – Localizado na região do Carceller este prédio imponente faz parte do conjunto arquitetônico do centro do Rio. Em obras realizadas no subsolo em 2008 e 2009 a pesquisa arqueológica evidenciou grande quantidade de vestígios do período colonial, até mesmo louças com brasões foram achadas.

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Prédio do TRE na rua primeiro de março

8. Mosteiro do Morro de Santo Antonio

Localizado no Largo da Carioca já abrigou os monges de São Bento no século XVI, que se mudaram para o mosteiro de São Bento, os monges Carmelitas também não gostaram do lugar e foram para a Praça XV e somente os franciscanos ergueram ali seu convento. No sopé dele (onde fica a estação do metrô da Carioca) existia a “Lagoa do Sentinela” e um pântano, onde se fixaram os primeiros curtumes da cidade. Mais tarde ali foi erguido o Chafariz da “Agua da Carioca” vindo a ser a principal fonte de abastecimento d’água da Cidade. (destruída pelas obras do metrô na década de 70). O mosteiro está sendo restaurado e pesquisas arqueológicas estão sendo feitas por lá.

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Largo da Carioca com Chafariz ao centro

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Mosteiro de Santo Antonio

9. Passeio Público - Ali existia uma lagoa, que sendo aterrada possibilitou aos vice-reis construir uma área de lazer para os habitantes da cidade. A recuperação do seu traçado original já foi motivo de pesquisas arqueológicas.

Durante longo período, a comunicação entre a cidade do Rio de Janeiro e sua periferia foi limitada por vários obstáculos naturais, como pântanos e morros. O acesso por terra à zona sul no século XVII, por exemplo, só era possível através de uma rota que, iniciando junto à ermida de N. Sª da Ajuda, aproximadamente na esquina da rua Evaristo da Veiga com a Cinelândia, contornava a lagoa do Boqueirão, onde é o Passeio Público, seguindo pelas atuais ruas da Lapa e Catete. Este caminho chamou-se inicialmente Ilharga da Ajuda, mas foi logo conhecido como Caminho do Boqueirão.
Um endereço nada atraente, pois a área era um depósito de imundícies e criadouro de mosquitos. Só morava no local quem não dispunha de melhor opção. Tudo mudaria a partir de 1783, quando surge o Passeio Público, construído sobre o aterro da lagoa. Verdadeira jóia do Mestre Valentim, o Passeio conferiu outra dignidade à região, procurada por poderosos e abastados. Como ninguém queria se lembrar do que antes existia, o Caminho do Boqueirão mais uma vez mudou seu nome, desta vez para Rua do Passeio.


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Biblioteca Nacional e Cassino Fluminense, início do século XX

10. Garagem Subterrânea – o subterrâneo aberto para fazer o estacionamento ali na Cinelândia também foi pesquisado por arqueólogos e toda a área do entorno é rica de vestígios do passado.

11. Quebra Mar – Nas primeiras escavações do Metro, na década de 70, foram descobertas evidências e restos do “quebra mar” que completava a estrutura do Passeio Público e do antigo “cassino” que existia no lugar.

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Quebra mar - foto www.flirck.com/fotos

12. Praça da República - Antigamente era o “rocio” da cidade, propriedade pública, onde os moradores da cidade podiam levar seu gado para pastar, passear e fazer atividades diversas. Ali também se localizava o “pelourinho”, símbolo da autoridade pública onde se aplicavam os castigos, em especial do açoite. Permaneceu ativo até o início do século XIX, sendo o local embelezado pelo prefeito Pereira Passos.

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Campo de Santana em 1860

13. Museu Real – Um próspero comerciante de carne seca e gado do início do século XIX comprou diversas casas no lado mais próximo daquela praça, demoliu-as e construiu em seu lugar um casarão que doou para o governo na época de D. João VI para que nele fosse instalado o Museu Real. Neste museu foram colocadas peças vindas com a corte portuguesa e aquelas que aqui já existiam na “Casa dos Pássaros”. Foi ele agraciado com o título de Barão de Ubá. Sua escavação arqueológica se encontra em andamento.

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Museu Real

14. Obras do Metropolitano – Na década de setenta do século passado ao serem abertas as escavações do Metropolitano do Rio de Janeiro, no lado direito daquela praça, nas imediações do Quartel (antigo Ministério da Guerra) e da estação ferroviária D.Pedro II (Central do Brasil) foram recolhidas diversas peças do período colonial. Pesquisas da extinta Divisão de Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Guanabara em associação com o Instituto de Arqueologia Brasileira.

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Obra do metro na estação do Estácio – década de 70 – foto WWW.rioquepassou.com.br

Instituições que realizaram estas pesquisas:

Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB)

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

Museu Nacional

Prefeitura da Cidade do rio de Janeiro